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Sinais
03:21
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Ontem à noite
A terra tremeu;
Não foi notícia,
Ninguém mais sentiu.
Sombras sem dono
Varreram o chão.
Portas rangeram
Pedindo atenção.
Ninguém quis ouvir.
E até ver
Em cada sinal
Há só resquícios de mim.
Mas eu sei
Que vou pontual,
E este é o princípio do fim.
É o começo do fim.
Hoje nos ombros,
No meu cabelo,
Poisam gaivotas
Pedem-me asilo.
Brincam nos parques.
Crianças com os pais.
Nasceram grisalhas.
Ninguém liga aos sinais!
Ninguém lê os sinais!
E até ver
Em cada sinal
Há só resquícios de mim.
Mas só eu sei
Que vou pontual,
E este é o princípio do fim.
E até ler
A cena final
Não vou saber ao que vim.
Eu só sei
Que estou pontual,
E este é o princípio do fim.
Eu sei que é o fim.
O começo do fim.
Eu sei que é o fim.
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2. |
Tempo-Espaço
04:09
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Do tecto escuro do planetário
Desce um pavor existencial
Um desamparo tão primitivo
Que me sinto suspensa num fio umbilical
Se neste manto negro voo
Para o infinito
Se neste tempo-espaço sou
Um cisco
Se nesta esfera até a luz
É em segunda mão
Será que tudo é ilusão
Ou existe?
(É Ilusão ou não?)
(Ilusão ou não?)
E pela lente do telescópio
Baixa uma angústia sideral
Esta existência é tão diminuta
Que me sinto esmagada no vácuo original
Se neste manto negro voo
Para o infinito
Se neste tempo-espaço sou
Um cisco
Se nesta esfera até a luz
É em segunda mão
Será que tudo é ilusão
Ou existe?
(É Ilusão ou não?)
(É Ilusão ou não?)
Se no céu há mais estrelas
Que areia no deserto
Se é verdade o que nos diz
Sagan
E se o Sol que vejo ao longe
É a que está mais perto
Com que força me desperto
Amanhã?
(Quem sou eu, aqui?)
(Ilusão ou não?)
(Quem sou eu, aqui?)
(É ilusão ou não?)
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3. |
Oh, Não! Outra Vez
03:37
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Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo que era volta a isso
O seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso
O seu eco é a nossa voz
É a voz de quem espera
Do futuro um presente mais justo
Diferente
A voz que ardeu a custo
E tarde ou cedo vai dizer
Liberdade
Premente
Oh não! Outra vez!
Cumpridas guerras e fomes era o fim
Oh não! era o fim
A face enxuta
O fim do filme
E não na terra esta luta
Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo que era volta a isso
O seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso
O seu eco é a nossa voz
Voz de quem vai ao fundo
E vem à tona só por vir respirar
Mais ar
Um ar não contaminado
Nunca é cedo, ainda é tarde
E demora
É agora
Oh não! Outra vez!
Cumpridas guerras e fomes era o fim
Oh não! Pesadelo
Há que vivê-lo por dentro
E logo após desfazê-lo
Sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo que era volta a isso
O seu eco é sua voz
Sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso
O seu eco é a nossa voz
Era uma vez
O ser humano
A ser extinto em cinzas
Eram já muitos
Somos já nada
A ser desfeito em cinzas
Cinzas, pó e nada
E assim se faz noite
e depois
Assim se faz luz
em faróis
E assim mata a guerra
entre dois
E assim vive a paz
entre sóis
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4. |
Armário
03:05
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Eu vou no arrepio
Eu vivo o desconforto
Eu sinto o calafrio
Pressinto o maremoto
Eu falho sempre o tiro
E digo que é por pouco
Faço mira ao destino
Mas do lugar do morto
Isto é um ápice
Isto é um triz
E eu estive quase
Pra ser feliz
Hesito e não mergulho
E o susto não me passa
Eu já não tenho orgulho
Mas prezo a carapaça
É onda que recua
É nuvem que ameaça
Eu já nem saio à rua
Com medo da desgraça
Oh oh oh
Dentro do meu armário não há verão
Oh oh oh
Eu sou como o canário
Da mina de carvão
Eu sinto falta de ar
Eu tenho falta de ar
As aves já não piam
O calo já não sofre
As folhas rodopiam
E cheira a enxofre
Eu sou um gato preto
Eu nunca tenho sorte
Faço secar o trevo
Posso agoirar a morte
É um ápice
É um triz
E eu estive quase
Pra ser feliz
Oh oh oh
Aqui no meu armário não há verão
Oh oh oh
Eu sou como o canário
Da mina de carvão
Oh oh oh
No escuro do armário não há verão
Oh oh oh
Eu sou como o canário
Da mina de carvão
Eu sinto falta de ar
Preciso sair
Eu tenho falta de ar
Eu quero sair
Não dá pra respirar
Eu quero sair
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5. |
Pensamentos Mágicos
03:41
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Presa nos limites
Duma condição
Dou passos em volta
Como na prisão
Cavar ou não o túnel
Eis a questão
Estudar a fuga
Até à exaustão
E olhar para mim
A fugir, a fugir
Ver em cada fenda
A salvação
Ver em cada cor
Uma visão
De cada silêncio
Tirar uma lição
Ouvir em cada nota
Uma canção
E dançar até cair
Dançar e cair
A sombra que há em mim
Não conhece fronteiras
A ave que há em mim
Sobrevoa barreiras
A força em mim
Não conhece fronteiras
A ave em mim
Sobrevoa barreiras
E voar
Até escapar
Ver em cada sombra
Uma réplica de breu
E ver em cada coisa
Uma súplica de léu
Ver em cada passo
Um súbito apogeu
E ver como o azul
Se duplica no céu
A sombra que há em mim
Não conhece fronteiras
A ave que há em mim
Sobrevoa barreiras
A força em mim
Não conhece fronteiras
A ave em mim
Sobrevoa barreiras
A força em mim
Não tem fronteiras
A ave em mim
Não vê barreiras
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6. |
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Não sentes tremer a terra
Linguas de fogo e de gelo
Não sentes que a luz te ferra
Na nuca e no tornozelo??
Mas só os que ainda crescem
Em massa desobedecem
Tudo murcha tudo seca
No dilúvio e na aridez
Arde bosque e biblioteca
Nunca mais era uma vez
Greve humana
Ilimitada
Na velha escola
Já não se aprende nada
Mas só os que ainda crescem
Em massa desobedecem
Mas só quem está a crescer
Se insurge contra o poder
Ameaça de extinção
Congestão no espaço aéreo
Águas vão não voltam não
Os mares viram cemitério
Mas só os que ainda crescem
Em massa desobedecem
Mas só quem está a crescer
Se insurge contra o poder
Pára e pensa
Pára e pensa
Pára e pensa
Pára e pensa
Podres migrantes e párias
Multidões de exilados
Mil fronteiras mortuárias
P’ra afastar indesejados
Mas só os que ainda crescem
Em massa desobedecem
Mas só quem está a crescer
Se insurge contra o poder
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7. |
Dá o Que Tem
02:58
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beija o beijo
peita o peito
perna aperta
braço abraça
a pele impele
o poro explora
brecha abre
coxa encaixa
enrijece
humedece
enrijece
humedece
corpo a corpo (incorpora)
pouco a pouco (se demora)
fogo afaga (ar ofega)
joga o jogo (pega esfrega)
vê o que vem
algo alguém
sai de si
fica aqui
enrijece
humedece
enrijece
humedece
e dá o que tem
e dá o que tem
e dá o que tem
e dá o que tem
pra mim
só dá o que tem
só dá o que tem
só dá o que tem
pra mim
(dá o que tem)
pra mim (dá o que tem)
(dá o que tem)
dá o que tem
vem e vai
entra e sai
lábio lambe
segue o sangue
sua o sal
arde o sol
de tão doce
quase dói
e dá o que tem
e dá o que tem
dá-me o que tem
dá-me o que tem
amor
só dá o que tem
só dá o que tem
só dá o que tem
amor
(dá o que tem)
amor (dá o que tem)
pra mim
(dá o que tem)
amor
(dá o que tem)
só dá o que tem
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8. |
Jogos Florais
02:54
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É um dom
Esquecer o chumbo das palavras
Quando alguém já as dourou.
E é um dom
Travar o revirar dos olhos
Sempre que um verso é
sobre amor
Oh...versejar o amor.
Se é ligeiro,
Faz-se inteiro
Dum vazio
Que é loquaz.
Mas, se é denso,
Está propenso
A dar estofo às coisas vãs.
Quão rebuscado é o nosso amor?
Oh, tão sincero e impostor.
Menos, mais - o que é o melhor?
Mil palavras por cada acção
Pra o problema
não ser de expressão.
Prudência é um dom:
Ter favos de reserva prá caneta
Quando o mel
Se acabou.
E é um dom
Descomplicar palavras-passe
Se a contra-senha for de amor.
Sim, decifrar o amor.
Se o que penso
Está por extenso
Enobreço
As pulsões.
Mas glossários
São grosseiros:
Dão nudez aos corações.
Quão rebuscado é o nosso amor?
...E eu pergunto
Menos ou mais, o que é o melhor?
De zero a dez, diz lá:
Quão rebuscado é o nosso amor?
Vem rabiscá-lo pra melhor.
E a verdade fica
Tão curta ao pé dum poema
Tão curta ao pé dum poema
de amor.
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9. |
Tudo no Amor
04:19
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Tudo no amor
Faz do nada um tudo
O olhar mais agudo
Navego
Mas já que o amor é cego
And love is a crazy game
Por amor ceguei-me
Cheguei-me
De bengala branca
Tacteei no escuro
De bengala rosa
Por amor procuro
Uma flor secou
E em botão renasce
Será que traz veneno
E a paixão desfaz-se
Tudo no amor
Vive com o fantasma
Que viver em ti
Ele é cego e vê
E eu ceguei e vi
É do amor a sombra
E é da sombra a luz
É da sombra o amor
E é do amor a luz
Se por paixão carrego
O mundo todo às costas
Diz-me só se queres
Se gostas
Gostarás de ti
Ao gostares de mim?
O abrir e fechar de olhos
Traz outra cor aos olhos?
Bebemos então
Tão e tudo a isso
Veneno e o seu contrário
Por amor remisso
Tudo no amor
Vive com o fantasma
Que viver em ti
Ele é cego e vê
E eu ceguei e vi
É do amor a sombra
E é da sombra a luz
É da sombra o amor
E é do amor a luz
Tudo no amor
É luz
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10. |
Na Sombra
02:26
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Queima o meu corpo, o sol
Rasgando o meu caixão
Não doer é o que mais dói
A quem já não dá uso
Ao seu coração
Voem as balas: são de prata
É viver morto que me mata
Na palidez onde moro
Basta uma estaca
E eu já coro
Camuflado pelo escuro
Tento escutar o amor
A sua canção
Quero decifrar os sons
Mas só tem ritmo
Quem tem pulsação
Voem as balas: são de prata
É viver morto que me mata
Voem as balas: arma em riste
Prova ao meu sangue
Que ele existe
Da palidez
Não sei fugir
Fere o meu peito
E eu vou sorrir
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Clã Porto, Portugal
ARMÁRIO: youtu.be/eK5XxchJqtk
SINAIS: youtu.be/eDFe4mVR2cA
TUDO NO AMOR: youtu.be/VIjmGJk4aFI
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